sábado, 14 de maio de 2011

A sessão foi de literatura e videopoemas

Manifestações poéticas da cidade em vídeo e papel. A poesia foi a atração principal da noite “Da cidade sua própria lábia” que ocorreu na terça-feira, dia 10, no Boteco do Rosário. A atividade foi realizada pelo Macondo Cineclube e contou com a participação de Gabriel Araújo, Felipe Oliveira, Kareka Ricordi, Odemir "Tex" Júnior, Marcos de Medeiro e Vanessa Oliveria Solis que compartilharam seus poemas e escritos ao público presente.
A noite começou com exibição do curta Assaltaram a Gramática (1984, RJ), de Ana Maria Magalhães. O doc mostrou o perfil dos poetas Francisco Alvim, Paulo Leminski, Waly Salomão e Chacal. “Ao chão do corpo”, videopoema de Gabriel Araújo, Daniel Retamoso Palma e Elias Maroso, foi exibido posteriormente, seguido dos também videopoemas “eu sou o que sopra” e “eu sou o que sobra” que fazem parte do Projeto “só por um mar sem orla”, de Talita Tibola, doutoranda da UFF e integrante do Macondo Coletivo. Talita comunicou-se com o público pelo Gtalk (foto abaixo), explicou o projeto e leu mais textos.

 

As diversas manifestações poéticas foram compartilhadas, desde poemas escritos por Felipe, Gabriel, Tex e Marcos, até textos com estilo mais de crônica como os de Kareka, que estão disponíveis no seu blog "Desesperadamente falando em português" ou mais confessionais como os de Vanessa.
  Alguns textos lidos no evento:
...E a poesia faz realmente diferença na vida da gente! Hoje acordei achando tudo lindo, apesar de o dia estar de fato muito, muito lindo: ofuscante dourado aqui em baixo e imensamente azul lá em cima. O céu de Santa Maria até ficou gozado! De repente, mais grande, mais espaçoso e arejado! Já não tinha mais tanto enquadre, tanta fixidez e sombreados. Era maior! Mais fundo! Os passarinhos se deleitaram à vontade na tal liberdade. E as músicas que moram aqui dentro se aproveitaram do silêncio e do descaso do vento para pairar no ar, como se discretas borboletas fossem, inocentes,sussurrando ao pé do ouvido uma perfeita sinfonia de cores e amores... O problema foi com os nossos olhos, que agora tão pequenos diante de tanta luz e horizontes, inundaram-se. E as pessoas, ah, as pessoas estavam mais gentis e sorridentes, todas elas... Até o tempo passou mais devagar, mas passou tão len-ta-mente que mesmo eu caçoava dele. Atrevida! – lhe escapou. Deve estar pensando que amanhã se vinga! O que a poesia faz com a vida da gente?
Vanessa Solis Pereira



A vizinha bebeu meu leite
para esquentar seu ventre.
Eu calçava a adaga
para riscar tangos no chão
quando ela passava na Travessa Garibaldi
com o leiteiro em suas tetas.
Olhava-me com a ponta da língua
cheia de nata
e os olhos sem a banha das lágrimas.
Ela era um risco de felicidade.

Gabriel Araújo


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